

magda tem uma geladeira
e fica grudada nela com seu corpo-imã
suas pernas grudam embaixo
seus cabelos na parte de cima
de coração magnético
além das dores de amor
magda sofria de saca-rolhas,
garfos, facas e pregos grudados no peito
a causa de seu mau-humor
magda passeia pelo mundo recolhendo objetos metálicos de todo tipo
uns são de fácil acesso, estão por aí esquecidos no caminho
outros custam a se soltar
e mesmo com a chave de fenda demora um pouquinho
um dia, para remover um grande pedaço de metal
magda provocou em si mesma um acidente fatal
perdeu um olho com a furadeira
e com o outro já via mal
agora, magda caolha vaga pelo mundo atormentada pela cegueira
carregando sua dor, seu mau-humor
e sua inseparável geladeira
rs...
desculpa gente, não resisti...
Entao me lembrei de um filme, que a menina tinha um porco como animal de estimacao. A partir disso eu pensei do Linus, personagem do Charlie Borwn, que tinha aquele cobertorzinho velho...
A partir dai pensei numa pesronagem que tivesse como animal de estimacao um bicho morto. Decidi entrar no jogo de criar essa personagem, mesmo que talvez ela nao venha a existir, mas essa seria uma forma de entender melhor a criacao desse universo, estando na fase atual, distante fisicamente do processo.
Alguns elementos imprecindiveis para a personagem: sangue e uma coleira... que pode ser tanto uma coleira quanto uma forca. Essa personagem mata seus bichos para te-los ao seu lado, para que eles nao possam fugir. Dai me vieram em mente duas referencias distintas. Encaixotando Helena (Boxing Helena), filme pelo qual tenho fascinio, e novamente em nossos dircursos, Frankestein, na figura de Frankenweenie, do Tim Burton.
No meu imaginario, este animal morto pode ser facilmente representado por um bicho de pelucia, com membros faltanto, que sangra, que esta costurado. E penso em acoes na qual a personagem aparece hora mutilando-os, hora costurando-os, hora passeando e curtindo a companhia de seu amado bicho de estimacao. E eles podem ser varios. Poderia haver uma colecao deles, e um looping de vida, amor, morte, vida, amor e morte. E ai se inicia com outro, e depois com outro, insaciavelmente. E essa “rapariga” cada vez com mais sangue e com mais amor.
Me intriga de maneira positiva a questao da pelucia aparecer na personagem do Ricardo e do Neto, assim como surgiu no meu imaginario. Elegiria apostar nessa questao.
Abaixo, compartilho algumas imagens que achei no google, com diversas combinacoes de palavras como pelucia, sangue, vida, morte, amor, monstro... e que materializam um pouco a estetica dos meus pensamentos.
Bocudo nasceu no colchão onde vive desde então. E é muito feliz ali, já que tem um amigo macaco só seu. Ainda que não tenha uma perna, não fale e nem saia do lugar, Macaco é quem ajuda Bocudo nas tarefas de fazer o tempo, a música e a dança estarem sempre indo.
No colchão a música e a dança nunca acabam, e mesmo com as facas que tem espalhadas por todo lado, o corpo de Bocudo dança muito bem. Aliás ele só se lembra delas, das facas, quando a dança fica mais fora de controle, culpa das músicas mais agitadas que vem de algum lugar que ele não sabe onde.
Na verdade ele gosta delas (das facas) e fica o tempo todo esperando por um novo acontecimento especial em sua vida, quando com certeza ganha uma nova faca ou uma nova boca, que brota delicada e decididamente de dentro pra fora. É o jeitinho dele pra registrar as coisas.
As bocas aparecem com mais freqüência que as facas, na verdade. São tantas que ele já perdeu a conta e nem lembra onde estão todas. As vezes, inclusive, muitas delas ficam falando ao mesmo tempo. Nessas horas Bocudo se concentra mais na música, na dança e no macaco, senão fica muito confuso.
Ele lembra bem dos momentos em que cada uma das facas apareceu, menos de quando e como brotou a grande que fica no peito. Dessa só lembra dos dias em que ela dói. Sempre se perguntou o motivo da dor, pois a ponta das suas facas está sempre pra fora do corpo. O que um cabo tem pra fazer doer? Por causa dessa dorzinha essa era a única faca que Bocudo não usava para cortar suas bananas.
Mas um dia uma garota muito simpática passou por perto do colchão de Bocudo e ele entendeu melhor a faca de seu peito. A garota simpática, que cuspia facas com lâminas para os dois lados, passou por ele, sorriu, dançou um pouquinho e foi embora.
Nesse mesmo dia o rapaz, que ficou muito eufórico e curioso, tentou abraçar seu amigo Macaco e acabou prendendo ele em uma de suas facas. Os dois decidiram ficar assim mesmo, grudados. Pelo menos agora Macaco também se mexia pelo colchão.